Um tubarão-galha-branca-oceânico (Carcharhinus longimanus) atacou um grupo de mergulhadores em um ponto das Ilhas Brothers, no Mar Vermelho, Egito. No vídeo, é possível ver o tubarão rodeando o grupo, inicialmente curioso por um dos turistas (o de short john), que se esquiva mais de uma vez, e depois investindo forte contra a perna de outro mergulhador (o de side mount), que é ferido e apresenta rápida hemorragia. O acidente teria acontecido neste sábado, 10/11; o homem, ainda não identificado, foi socorrido e passa bem, com algumas fraturas e ferimentos profundos.
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A comunidade do mergulho tem se preocupado com crescentes ataques de tubarão na região. Alguns dos motivos para a mudança de comportamento dos animais seriam o volume descontrolado de mergulhadores e liveaboards, os peixes e restos de alimentos jogados na água para tentar atraí-los para perto dos barcos, e a pesca excessiva, que reduziu drasticamente a comida disponível para os grande predadores – em alguns pontos do Mar Vermelho, quase não se vê cardumes.

Outra questão que merece nossa atenção são os protocolos de segurança em um mergulho com tubarões, principalmente com espécies potencialmente agressivas como os galhas-branca, que muitas vezes não são seguidos. Os principais são: nunca dar as costas ao animal; ficar em posição mais vertical e sem muitos movimentos (assim você “impressiona” o tubarão, acostumado com presas que nadam horizontalmente); se manter em grupo, próximos uns dos outros e na mesma profundidade, se possível acima da do animal; evitar a área entre os 0-6m de profundidade (diferente de tubarões de hábitos mais profundos, como os martelo, os galha-branca-oceânicos procuram alimento perto da superfície, incluindo carcaças de mamíferos e peixes feridos); usar neoprene completo.

No vídeo do acidente, infelizmente, vemos que todas as orientações de segurança foram ignoradas e os mergulhadores estavam erraticamente espalhados, bem como o guia do mergulho não intercedeu logo no início da abordagem do tubarão.
Este foi o segundo caso registrado em 2018 de mergulhador ferido por tubarão galha-branca nas Brothers Islands. Veja esta entrevista com a vítima do primeiro, que relembra o incidente e garante já ter marcado nova viagem para o Egito:
Há alguns meses, circularam na internet imagens perturbadoras de tubarões mortos em um recife adjacente às Ilhas Brothers, com as barbatanas intactas (o que indica não ter sido vítima da pesca ilegal). Há o temor de uma nova matança de tubarões na região – em 2010, após alguns ataques a turistas em Sharm el-Sheikh, o governo exterminou dezenas de animais.
Antigamente comuns, hoje os galhas-branca-oceânicos estão classificados como vulneráveis na lista vermelha da IUCN.

Ilhas Brothers
Composto pelas pequenas ilhas Big Brother e Small Brother, montanhas submersas que surgem das profundezas, este pequeno arquipélago fica no meio do Mar Vermelho, entre o Egito e a Arábia Saudita. Chamado de El Ikhwa ou El–Akhawein pelos locais, é um ponto oceânico, isolado, desabrigado e profundo, em geral com correnteza e mar grosso. Em caso de acidente, qualquer socorro esta há horas de navegação e sujeito a todo tipo de adversidade do tempo.
Por ser banhado por correntes típicas de mar aberto, há uma incrível diversidade e densidade coralínea no arquipélago, que abriga algumas das formações mais coloridas e surpreendentes do Mar Vermelho, incluindo gorgônias gigantes. Única formação da região, as Ilhas Brothers são um atrativo, com alimento e estações de limpeza, para grandes animais pelágicos, como raias manta, barracudas, napoleões, garoupas e tubarões – além dos galha-branca, também são frequentes os encontros com martelos e raposas (thresher).

A Big Brother tem formato retangular, com aproximadamente 400m de comprimento, facilmente identificada por um farol, erguido pelos ingleses em 1880. Em seus paredões, repousam dois naufrágios que colidiram com a ilha: Aida II e Numídia. A aproximadamente 1km de distância, ao Sul, fica Little Brother, inferior apenas no tamanho.
por: Marcella Duarte | Divemag
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