O governo colombiano anunciou durante o fim de semana a descoberta dos destroços do galeão San José, considerado o “Santo Graal” da arqueologia submarina. A embarcação naufragou em 1708, na costa de Cartagena, enquanto tentava escapar de uma batalha naval com os ingleses.
De acordo com os registros da época, o navio carregava aproximadamente 600 tripulantes, sendo que apenas 11 sobreviveram, e 200 toneladas de ouro, prata e esmeraldas que estavam sendo transportadas da Nicarágua para a Espanha. O valor do tesouro foi estimado em até US$ 17 bilhões, cerca de R$ 60 bilhões de reais.
“Grande notícia: encontramos o galeão San José”, anunciou o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, pelo Twitter na noite de sexta-feira.
No dia seguinte, o mandatário colombiano se reuniu com a imprensa local na Base Naval de Cartagena, onde divulgou os primeiros detalhes da descoberta. O galeão foi encontrado no dia 27 de novembro, por uma equipe formada por pesquisadores do Instituto Colombiano de Antropologia e História (ICANH) e da Marinha do país. O achado só foi possível pelo uso de novas tecnologias de exploração subaquática, que equiparam a embarcação “Malpelo”.
— É um acontecimento da ciência que nos faz lembrar que a História colombiana é constituída por eventos de épocas muito distintas, protagonizada por milhares de pessoas que fazem parte da memória nacional — disse o presidente, segundo o jornal “El Tiempo”. — Isso é apenas o começo. Entretanto, ninguém tocou em nenhuma peça, mas não existem dúvidas que se trata do galeão que foi afundado há 307 anos.
Ernesto Montenegro, do Instituto Colombiano de Antropologia e História, informou que o galeão foi encontrado a uma profundidade de 600 metros, e que a identificação se deu pelos canhões, que foram fundidos especificamente para esta embarcação.
— Durante as buscas foram encontradas cerca de 30 anomalias e 5 naufrágios, um deles é o San José, que está recostado no leito marinho — contou Montenegro, dizendo que foram encontradas armas pessoais, vasos de cerâmica, porcelana e frascos de vidro.
Santos assegurou que o governo continuará com expedições de investigação e exploração, para garantir a proteção do patrimônio cultural. O presidente colombiano concordou com proposta do prefeito de Cartagena, Dionisio Vélez, sobre a criação de um museu com as peças que forem retiradas do sítio arqueológico.
BATALHA JUDICIAL
Porém, os planos do governo colombiano devem esbarrar nos interesses de ao menos duas outras partes. A empresa americana Sea Search Armada (SSA) trava uma batalha judicial contra o governo colombiano desde os anos 1980, argumentando ser a responsável pela descoberta das coordenadas da batalha que culminou com o naufrágio do San José. A companhia, baseada em Washington, afirma ter vencido uma disputa em tribunais colombianos que lhe garante metade das riquezas encontradas, informação negada pelo governo.
‘Essa é uma boa notícia para Colômbia e para o mundo, mas sobretudo para Cartagena, pois estamos pensando em criar um museu de estatura internacional para atrair mais turistas’
Em entrevista à CNN, Jack Harbeston, diretor da SSA, afirmou que o governo colombiano continua “repetindo uma grande mentira (…) de que a SSA perdeu seus direitos sobre o tesouro”. Segundo o executivo, a Colômbia chegou a ameaçar a empresa com o uso de força militar, “a mesma mentalidade dos conquistadores”. Há três anos, a companhia estimou o valor do tesouro entre US$ 4 bilhões a US$ 17 bilhões.
— Ninguém sabe exatamente o que existe lá — Harbeston.
Horas após o anúncio da descoberta, o secretário de Estado de Cultura da Espanha, José María Lassale, afirmou que solicitaria ao governo colombiano “informações precisas sobre o achado e a legislação que se aplica sobre naufrágios espanhóis”, antes de “decidir medidas” que serão tomadas para “defender o que entendemos ser patrimônio subaquático e o respeito às convenções da Unesco”.
De acordo com o jornal espanhol “El País”, essas convenções já garantiram a recuperação de parte do patrimônio em descobertas anteriores, como a da fragata Mercedes, localizada pela companhia americana Odissey. Segundo Lassale, é preciso cautela por causa das boas relações entre os dois países, mas também “uma clara defesa do nosso patrimônio subaquático e a reserva para adotar todas as medidas que o governo espanhol considere adequadas para manter a defesa e proteção do mesmo”.
A HISTÓRIA DO SAN JOSÉ
O San José era um galeão de guerra da marinha espanhola, que foi afundada no dia 8 de junho de 1708, após ser atacado por forças britânicas nas redondezas das ilhas do Rosário, em Cartagena. A batalha, conhecida como do Barú, levou para o fundo do mar 200 toneladas de peças de ouro, prata e esmeraldas, que seguiam do Novo Mundo para a Espanha.
O galeão havia partido do Panamá com a produção de ouro, prata e esmeraldas acumuladas no Perú durante seis anos, por causa da guerra de Sucessão. O San José se dirigia para Cádiz em uma esquadra, que foi atacada pelas forças de Charles Wagner, primeiro lorde do Almirantado Britânico. Durante a batalha, o San José foi ao fundo, o galeão Santa Cruz foi capturado e o restante da frota conseguiu escapar. Além da preciosa carga, o San José transportava 400 passageiros e 200 tripulantes. Apenas 11 pessoas sobreviveram.
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