A mudança climática obriga os peixes a abandonar seus habitats tradicionais para buscar águas mais frias, e cada vez mais espécies podem ser afetadas se não forem cumpridos os objetivos de controle do aumento das temperaturas no planeta.
Uma equipe de pesquisadores estudou o futuro dos oceanos sob dois cenários de mudança climática: um no qual o aquecimento atmosférico se limite a 2ºC antes de 2010, como afirmam os acordos de Copenhague; e o outro no qual o ritmo atual continue, o que elevaria as temperaturas em até 5ºC.
No pior dos cenários, o estudo adverte que os peixes migrarão 65% mais rápido, o que trará consequências para a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas.
O estudo, publicado pela revista “Science”, destaca a necessidade de limitar as emissões de gases prejudiciais e ajudar assim a reduzir o impacto do aumento das temperaturas atmosféricas e a acidificação dos oceanos.
“Todas as espécies e recursos que obtemos dos oceanos serão afetados”, afirmou o professor William Cheung, da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e codiretor do Programa Nereus, sobre o futuro dos oceanos.
Embora a humanidade ainda tenha tempo para “reduzir de maneira significativa” esses impactos negativos, “quanto mais esperarmos, haverá menos chances”, alertou o especialista.
O estudo, realizado como parte da Iniciativa Oceanos 2015, da qual participam pesquisadores de Europa, Austrália, Estados Unidos e Canadá, analisa o impacto da mudança climática na indústria pesqueira e nas principais comunidades litorâneas que dependem em grande parte dos recursos da pesca.
“Olhando a superfície do oceano, não se pode dizer que esteja mudando muito”, disse Rashid Sumaila, coautora do estudo, lembrando que os mares estão “ligados aos sistemas humanos, e há comunidades que estão sendo colocadas em alto risco”.
Os especialistas sugerem que é necessário adotar medidas para proteger os ecossistemas marítimos e ajudar as comunidades que vivem deles a se adaptar, oferecendo-lhes educação e oportunidades para diversificar suas chances de vida.
Além disso, advertem que embora em algumas regiões possa ocorrer um aumento da biomassa de peixes, “pode ser só temporária se continuarem as emissões de dióxido de carbono”.
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