Uma expedição de cientistas e mergulhadores resultou na descoberta de um dos mais antigos e mais completos esqueletos humanos já encontrados na América. O achado permite chegar a conclusões importantes sobre a relação entre os primeiros moradores da América e os nativos americanos modernos.
A descoberta ocorreu no sistema de cavernas Sac Actun, na península de Iucatã, no México. Mais especificamente, dentro de uma fossa conhecida como Hoyo Negro, mais de 40 metros abaixo do nível do mar, onde também foram encontrados diversos esqueletos de animais extintos.
De acordo com os pesquisadores, o esqueleto era de uma garota com idade entre 15 e 16 anos que viveu entre 13 mil e 12 mil anos atrás, no período Pleistoceno Superior. Todas as partes do esqueleto estavam intactas, exceto por algumas fraturas sofridas logo antes da morte nos ossos púbicos, trauma consistente com a queda em uma piscina rasa a partir de uma das passagens superiores da caverna.
O fato de o DNA estar perfeitamente preservado e o crânio estar intacto permitiu concluir que, apesar das diferenças no formato craniofacial, essa adolescente está ligada aos nativos americanos modernos.
Segundo os autores, esta é uma descoberta importante, pois a diferença de formato do crânio levou os cientistas a considerarem a hipótese de que os primeiros americanos e os nativos modernos tiveram origens diferentes. A descoberta foi descrita em um artigo publicado na edição da revista “Science” desta sexta-feira (16).
Pioneiros da América
A principal teoria a respeito da origem dos nativos americanos descreve que eles vieram da Sibéria, chegando ao território americano por meio do estreito de Bering, que, na época (entre 26 mil e 18 mil anos atrás) ligava a Ásia à América do Norte.
Mas o fato de os crânios humanos mais antigos da América terem características diferentes daquelas observadas nos nativos modernos levantou dúvidas sobre a precisão dessa teoria.
Enquanto os nativos americanos modernos se parecem com a população da China, Coreia e Japão, os esqueletos dos moradores mais antigos da América apresentam características diferentes: crânios mais estreitos e longos, e faces menores e mais curtas. “Isso levou à especulação de que talvez os primeiros americanos e os nativos americanos vieram de diferentes origens, ou migraram da Ásia em diferentes estágios de evolução”, diz o pesquisador James Chatters, principal autor do estudo.
Mas a análise do DNA extraído dos molares do esqueleto descoberto revelou que a genética da jovem do Pleistoceno tem características similares às encontradas nos nativos modernos. A análise sugere que houve um único evento de migração para a América e toda a população nativa tem uma origem única.
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