Pesquisadores do Projeto Tamar, em Sergipe, descobriram quinze novas espécies de peixes no litoral sergipano durante testes realizados para a preservação de tartarugas marinhas. Os biólogos desenvolveram anzóis circulares, para evitar os altos índices de mortandade de tartarugas capturadas por pescadores que utilizam anzóis tradicionais. No entanto, após apresentarem os novos anzóis aos pescadores dos estados de Sergipe e Bahia, peixes desconhecidos começaram a ser fisgados.
De acordo com o biólogo Cesar Coelho, o anzol desenvolvido pela equipe dificilmente é engolido pelos peixes e tartarugas como o tradicional. “Esse anzol é muito eficiente e quando pega, só pega na região da boca, diferente do tradicional em formato de ‘J’, que geralmente é engolido e com isso o índice de mortalidade é maior”, afirmou.
Em quatro décadas de mar, o pescador José Soares, se surpreendeu com o resultado do teste, e principalmente, nas espécies nunca antes vistas no litoral brasileiro. “Um peixe diferente mesmo. A carne é mole, o couro dele é parecido com uma ostra, inclusive com aqueles espinhos”, disse.
As espécies foram encaminhadas ao Oceanário de Aracaju, localizado na Orla da Atalaia, na Zona Sul da cidade, onde um aquário foi montado especialmente para os novos visitantes. “Isso é muito importante, porque são novos registros para o Atlântico Sul, para o Nordeste brasileiro e para o mundo”, destacou a pesquisadora Juliana Boaventura. Segundo ela, o trabalho de identificação das espécies pode levar anos e conta com a ajuda de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com Aline Castelo Carneiro, coordenadora do Projeto Tamar, até para os pesquisadores, a conclusão de que são espécies novas, veio depois de muito aprofundamento nas pesquisas. “A gente não chega a acreditar à primeira vista que são espécies novas, mas após nos aprofundarmos constatamos que estávamos diante de uma importante descoberta. Os resultados obtidos aqui só serão definitivos após a análise de especialistas internacionais”, revelou.
Os visitantes, esses sim, estão aproveitando muito a novidade. “É um aprendizado. Espécies desconhecidas para gente, do fundo do mar, muito interessante”, disse o funcionário público Emerson Moraes.
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