Por: Marcella Petrere Duarte / Exclusivo para Divemag.com
Após encontro com a renomada bióloga marinha Sylvia Earle, na tarde de hoje, 5/3, o presidente Michel Temer autorizou a criação das Unidades de Conservação dos arquipélagos de São Pedro e Paulo, em Pernambuco, e de Martins Vaz e Trindade, no Espírito Santo. Com elas, as APAs (áreas de proteção ambiental) marinhas brasileiras passarão de apenas 1,5% para cerca de 25%.
De acordo com o projeto, que engloba uma área de cerca de 900.000 km² de ilhas e mar, serão duas modalidades de conservação. A maior parte será em regime de APA, nas quais atividades econômicas, como a pesca e extrativismo, serão possíveis – sob regulação estrita para a exploração sustentável. Em cada arquipélago, uma região menor será considerada Monumento Natural (Mona), recebendo proteção integral.

A efetiva criação das unidades acontecerá após o prazo legal para consultas públicas, que termina neste sábado. A partir daí, caberá à presidência a assinatura dos decretos – que deve acontecer no dia 18/3, durante o Fórum das Águas, em Brasília.
Sylvia, que também visitou o arquipélago de Alcatrazes, parabenizou a iniciativa: “O Brasil foi abençoado com recursos naturais excepcionais. Agora temos uma oportunidade sem precedentes de protegê-los a longo prazo. Locais onde a pesca não pode ocorrer realmente fazem a diferença. Eles permitem que os peixes e outros animais tenham um refúgio no qual recuperar suas populações, e é partir deles que as áreas onde a pesca ocorre são repovoadas”.

“Crianças, mergulhem”
Sylvia Earle está no Brasil para o lançamento de seu livro A Terra é Azul, que aconteceu na manhã de hoje, 5/3, no Teatro do Sesi, em São Paulo. No evento, ela fez um apanhado da situação crítica dos oceanos e ressaltou que devemos atuar para recuperar a saúde deles, que são “o coração da Terra”.
“As evidências dos impactos humanos estão mais do que claras. Mas não precisamos nos sentir culpados por atitudes nossas que danificaram o meio ambiente quando não tínhamos informação. Agora que sabemos que a população de certos peixes diminuiu 95%, que metade dos recifes de corais desapareceu, que espécies caminham para a extinção, agora que temos certeza de que nossa vida depende dos oceanos, precisamos agir. Não é tarde demais. Ainda temos tempo para evitar o pior”, disse.
Assista a um trecho da palestra:
A exploradora, que soma mais de 7.000 horas debaixo d’água, também deu um conselho: achem tempo para mergulhar. “Minha mãe tinha 81 anos quando mergulhou pela primeira vez e teve a chance de ver peixes nadando na água, em vez de em uma bandeja com manteiga e limão. Então, se você já tem 81 anos, não espere mais. Se ainda não tem, não espere até os 81 anos para ter essa experiência. Mergulhem, crianças”, brincou.

Sylvia aproveitou para explicar por que deixou de consumir peixes e outros animais marinhos: “Seria como comer flamingos, leões e outras espécies únicas e ameaçadas no jantar”.
Ela quer que os brasileiros também protejam o “Brasil azul”, seguindo o exemplo da conservação das florestas do país. “São comuns as manchetes sobre a preservação do ‘verde’, mas muita gente parece não saber que sem o ‘azul’ o ‘verde’ não existiria. Os oceanos regulam o clima, absorvem grande parte do dióxido de carbono da atmosfera e produzem oxigênio, retêm 97% da água da Terra e compõem 71% da biosfera. A grande questão é: o que podemos fazer para cuidar do mundo azul que cuida de nós?”.
As experiências de Sylvia na busca por responder essa pergunta estão no livro A Terra é Azul, que já pode ser encontrado em livrarias de todo o país, pelo preço sugerido de R$ 69.
Para saber mais:
Dra. Sylvia no TED:
https://www.ted.com/talks/sylvia_earle_s_ted_prize_wish_to_protect_our_oceans
documentário Mission Blue na Netflix:
https://www.netflix.com/br/title/70308278

More
70-Million-Year-Old Dinosaur Egg Found Intact in Patagonia
Thousands of Crabs Turn Christmas Island Into a Red Spectacle
SOS Ocean Alliance: Uniting for the Future of Marine Life in Brazil