Autoridades da Rússia anunciaram nesta segunda-feira (08/04) a libertação de 87 baleias belugas e 11 orcas retidas no Centro de Adaptação para Animais Marinhos, no leste da Rússia, também conhecido como”cadeia de baleias”.
A decisão foi anunciada após a mediação de cientistas russos e estrangeiros, como Jean-Michel Cousteau, filho do famoso oceanógrafo Jacques Cousteau.

A Rússia havia convocado o francês para consultas sobre como liberar com segurança os animais, que foram capturados ilegalmente há cerca de seis meses, a maioria para ser enviada a aquários chineses.
Cousteau, da Ocean Futures Society, chegou na sexta-feira à Rússia para inspecionar os mamíferos e ajudar a criar condições para que eles fossem liberados. Nesta segunda-feira, pelo Twitter, ele anunciou a libertação das baleias.
Oleg Kozhemyako, governador da região de Primorsky (no Extremo Oriente russo), que também assina o documento divulgado por Cousteau, disse à imprensa local que todos os animais seriam libertados.
Cousteau explicou que a operação começará entre maio e junho e que na baía onde os animais estão há cerca de seis meses serão criadas condições o mais parecidas possíveis ao habitat natural.
Cientistas russos estimam que o esforço de reabilitação custará cerca de 300 milhões de rublos (cerca de R$ 17 milhões). Um fundo internacional será criado e ficará responsável por todas as despesas relacionadas ao processo.
“Os olhos de todo o mundo estão nos vendo. Estão à espera de como vamos solucionar essa situação”, assinalou o oceanógrafo, que está confiante para um final feliz.

Os especialistas que acompanham Cousteau confirmaram que na “prisão de baleias” os profissionais tentaram adestrar os cetáceos para, posteriormente, vendê-los a aquários, por exemplo, ensinando-os como comer das mãos de um ser humano.
Além disso, eles advertiram que o sistema imunológico dos animais ficou muito debilitado nos últimos meses devido ao estresse provocado pela captura, ao processo de adaptação e às condições da prisão.
Desde que imagens da cadeia de baleias foram divulgadas, o drama vivido pelos animais chamou a atenção do mundo todo. O Greenpeace publicou fotos de orcas e belugas com brotoejas, furúnculos e manchas, que os especialistas atribuem a infecções virais, bacterianas e micóticas. Depois de várias denúncias, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou, em março, que o governo encontrasse uma saída para a situação. Famosos como Leonardo Dicaprio abraçaram a causa e pediram providências.
Entenda o Caso:
Há 11 baleias orcas e 87 belugas em cativeiros na baía de Srednyaya.
Uma investigação criminal está em andamento.
Enquanto estavam no local ano passado, três belugas e uma orca desapareceram. O Greenpeace Rússia acredita que os animais morreram, já que muitas das baleias estão com problemas de saúde.
O grupo ambientalista alertou para a situação destes animais em outubro do ano passado, e quatro empresas russas ligadas à “cadeia das baleias” foram acusadas de violar os regulamentos para pesca e tratamento de animais.

As baleias foram capturadas no ano passado no mar de Okhotsk. O Greenpeace diz que as orcas e muitas das belugas provavelmente seriam vendidas para parques marinhos na China, onde tais atrações estão em alta.
Orcas individuais, muitas vezes capturadas ilegalmente, podem valer milhões de dólares. As belugas são vendidas por dezenas de milhares de dólares.
Quem mais está tentando salvar as baleias?
Celebridades também estão fazendo campanha para resgatar as “prisioneiras”.
O astro de Hollywood e vencedor do Oscar Leonardo DiCaprio pediu nas mídias sociais que seus seguidores assinem uma petição sobre o caso – até agora, 1,43 milhão o fizeram.
Já a ex-modelo Pamela Anderson escreveu ao presidente Vladimir Putin pedindo ações para libertar as baleias. Ela tem participação ativa no Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal (IFAW).
Putin é conhecido por seu interesse na preservação da vida silvestre e agora está envolvido no caso da “prisão de baleias” ao lado de promotores federais e do serviço de segurança do estado.

Jean-Michel Cousteau é o primeiro filho do falecido Jacques Cousteau, um explorador cujos populares documentários televisivos ajudaram a chamar a atenção da opinião pública para espécies oceânicas ameaçadas.
Na terça-feira, o Greenpeace organizou uma manifestação no centro de Moscou referente à situação das baleias.
O Instituto Animal Welfare, com sede nos EUA, e outros especialistas escreveram para Putin dizendo que há medidas urgentes para manter as baleias saudáveis – segundo os estudiosos, a área do cativeiro deve ser expandida e a água aquecida antes que as baleias sejam eventualmente libertadas.

Em que condições estão as baleias?
Há uma grande preocupação com os animais, porque alguns estão mostrando sinais de hipotermia. Fotos aéreas mostram grandes pedaços de gelo nos tanques superlotados.
Na natureza, as baleias nadam dezenas de quilômetros todos os dias – e isso as mantêm aquecidas. Mas no cativeiro apertado, elas ficam com frio.
Em janeiro, o Greenpeace Rússia informou que algumas das baleias apresentavam lesões na pele e deterioração da barbatana.

Quais são as questões legais envolvidas no caso?
A lei russa permite a captura de baleias para fins científicos e educacionais. Mas a suspeita é que essas baleias fossem ser enviadas a parques chineses em transações ilegais e multimilionárias.
Em julho, Moscou anunciou uma investigação sobre a venda de sete orcas para a China.
A organização Whale and Dolphin Conservation, baseada no Reino Unido, afirma que 15 orcas capturadas em águas russas estão agora em parques marinhos chineses.
Vários países proibiram a captura de baleias vivas, bem como importações e exportações destes animais, entre eles os EUA, Canadá e Austrália.
A caça comercial de baleias é altamente restrita pela moratória da Comissão Baleeira Internacional (IWC, na sigla em inglês) de 1986.
Mas, em dezembro, o Japão anunciou que retomaria a caça comercial às baleias.
A IWC informa que, em 2017, a Noruega capturou 432 baleias-anãs no Atlântico Norte e a Islândia, 17.
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