Produto químico em protetor solar é ameaça para os corais

Foto mostra corais no arquipélago de Tuamotu, peto do Taiti (Foto: AFP Photo/Gregory Boissy)
Foto mostra corais no arquipélago de Tuamotu, peto do Taiti (Foto: AFP Photo/Gregory Boissy)

O protetor solar contém um produto químico que os cientistas acreditam que possa causar grandes danos aos recifes de coral em todo o mundo e ameaçar sua própria existência, alertaram pesquisadores.

A oxibenzona – também conhecida como BP-3 ou benzofenona-3 – está presente em mais de 3.500 produtos de proteção solar em todo o mundo, revelou o estudo, publicado na última edição do periódico “Archives of Environmental Contamination and Toxicology”.

O produto químico chega à água pela pele dos banhistas e através de águas residuais de sistemas sépticos costeiros.

No começo deste mês, cientistas internacionais anunciaram que um evento maciço de branqueamento de corais já está em curso e que o mesmo tem se intensificado em algumas regiões do mundo devido às águas aquecidas pelo fenômeno El Niño.

Os recifes de coral têm sofrido um declínio há décadas e enfrentam como ameaças a poluição, as mudanças climáticas, tempestades e doenças.

‘Enormes deformidades’
A oxibenzona, que bloqueia os raios ultravioleta, causa “enormes deformidades em bebês de coral, danos ao seu DNA e, mais alarmante, atua como um interruptor endócrino”, destacou o estudo.

O efeito leva “o coral a se enclausurar em seu próprio esqueleto, conduzindo-o à morte”.

Ainda mais preocupante, os cientistas observaram os efeitos nocivos do produto químico mesmo quando altamente diluído – em proporções tão pequenas quanto 62 partes por trilhão ou o mesmo que “uma gota d’água em seis piscinas olímpicas e meia”, advertiram os pesquisadores.

Concentrações muito maiores de oxibenzona foram encontradas em recifes de coral no Havaí e nas Ilhas Virgens americanas, variando de 800 partes por trilhão a 1,4 parte por milhão.

“Isto corresponde a mais de 12 vezes a concentração necessária para impactar o coral”, destacou o estudo.

Os cientistas estimam que 6.000 a 14.000 toneladas de protetor solar sejam liberadas em áreas de recife de coral todos os anos. A oxibenzona compõe de 1% a 10% destas loções.

Problema pode afetar 10% dos corais do mundo
Uma vez que nem todos os corais estão situados perto de áreas turísticas, os cientistas acreditam que cerca de 10% dos corais ao redor do mundo corram o risco de exposição aos danos provocados por protetores solares.

O estudo foi chefiado por cientistas marinhos de Virgínia, Flórida, Israel e do Aquário Nacional americano e da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês).

“O uso de produtos contendo oxibenzona precisa ser seriamente deliberado nas ilhas e em áreas onde a preservação dos recifes de coral é uma questão crítica”, advertiu o principal autor do estudo, Craig Downs, do Haereticus Environmental Laboratory, na Virgínia.

“Todo mundo quer construir berçários de coral para sua restauração, mas isto terá pouco efeito se os fatores que originalmente mataram os corais permanecerem ou se intensificarem no meio ambiente”, acrescentou.

A oxibenzona não é só encontrada em protetores solares, mas também em batons, máscaras para cílios e xampus.

Na União Europeia, já é considerada uma ameaça à saúde humana e especialistas do Secretariado Químico do bloco pediu para ser substituído por outro ingrediente mais seguro.

Fonte: G1/ AFP

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