ONG pede proibição de pesca de tubarão para extração de barbatanas em Cabo Verde

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Praia – A Organização não Governamental cabo-verdiana de defesa do ambiente, Biosfera I,  exortou, quarta-feira, o governo de Cabo Verde a proibir o chamado “shark finning”, operação que consiste na pesca do tubarão para retirar suas barbatanas e posterior devolução do corpo do animal ao mar.

O apelo desta associação ambientalista, com sede na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, surge na sequência de uma decisão da União Europeia (UE), que aprovou recentemente uma lei que proíbe o “shark finning” por parte dos “28” Estados-membros, com os quais Cabo Verde mantém um acordo de pesca alvo de críticas por parte da Biosfera I.

O presidente da associação, Jorge Melo, considera que “neste momento, há motivos para que todos os Cabo-verdianos e amantes dos ecossistemas marinhos de Cabo Verde se sintam felizes com esta proibição, uma vez que a pesca desenfreada de tubarões nos mares do arquipélago por parte de barcos europeus está pondo em risco esta espécie marinha.

A Biosfera I  defende que os barcos da UE, que estão pescando em Cabo Verde, não o fazem pelo atum, mas sim pelo tubarão.

“Temos investigado sobre esses barcos europeus, e mesmo junto dos pescadores cabo-verdianos que trabalham nessas embarcações, e constatámos que a pesca que têm feito é de tubarões, sendo que o atum, a espécie que deveriam pescar, representa apenas uma ínfima parte do seu pescado”, diz José Melo.

De acordo com a Biosfera I, barcos espanhóis tem feito descargas de toneladas de tubarão e espadarte “na cara” das autoridades, sem que estas ensaiem uma reação contra isso.

Esse responsável alega que isso acontece porque não existe fiscalização ou, quando existe, a mesma é feita de forma superficial.

“A nossa grande preocupação é com a falta de controle, isto é, não há observadores a bordo e as autoridades que fiscalizam só estão presentes na primeira meia hora, depois os navios continuam o descarregamento sem qualquer vigilância”, denuncia José Melo.

A prática de shark finning, em que um tubarão é capturado, a barbatana cortada fora, e o animal é devolvido para a água, causa dezenas de milhões de mortes lentas por ano.

Aguns tubarões morrem de fome, outros são lentamente comidos por outros peixes, e alguns se afogam já que a maior parte deles precisa estar em constante movimento para forçar a entrada de água em suas brânquias, por oxigênio.

A barbatana de tubarão é usada nos países asiáticos para fazer sopa, considerada uma iguaria. A China é o maior consumidor do mundo de barbatana de tubarão, importando cerca de quatro mil toneladas por ano.

Segundo a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES), da ONU, várias espécies de tubarão estão em extinção.

A imprensa especializada estima que em cada ano são mortos 100 milhões de tubarões só por causa das barbatanas.

Alguns países, entre os quais o Brasil ou os Estados Unidos, já impuseram proibições ao corte de barbatana de tubarões.

No caso de Cabo Verde, os alertas lançados por associações de proteção ambiental, levaram a  Direção Geral do Ambiente do arquipélago a anunciar a elaboração, ainda este ano, de um plano nacional de conservação de tubarões.

O plano, que está a ser elaborado em parceria com o Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP), irá fazer um diagnóstico da situação da espécie e levar as autoridades a tomarem medidas especiais que, em caso de risco da espécie, poderão incluir uma restrição da captura do tubarão.

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