Um projeto do PROPESCA (Projeto de Pesca e Monitoramento de Tubarões no Litoral da Região Metropolitana do Recife) vem tentado capturar tubarões em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, e no Recife, na Praia de Boa Viagem. O grupo tenta atraí-los com espinhéis com iscas de tilápia, sempre colocados a uma distância de 300 metros da areia.
Segundo o engenheiro de pesca e coordenador do projeto, Paulo Pantoja, a ação do grupo concluiu que há baixa oferta de peixes na costa. “Existe uma baixa oferta de peixes de várias espécies na costa. Significa que falta comida para os tubarões. Por isso, animais acabam atacando os banhistas”, salientou.
O também engenheiro de pesca Bruno Pantoja apoia a ação do grupo. “Não somos predadores, mas somos realistas. Nosso objetivo não é exterminar o animal e sim cobrar providências para que os ataques sejam evitados. Também gostaríamos de contribuir com estudos acadêmicos”, afirmou.
Nota do Editor: Tenho acompanhado esse debate a algum tempo, mesmo antes de ele ter tido a repercussão que teve nas listas e facebook comovendo e mobilizando mergulhadores e ONGs envolvidas com educação ambiental, a questão em si tomou proporções desnecessárias e agressões de ambas as partes envolvidas, é claro e notório o problema que envolve os incidentes com tubarões em Recife, assim como também é em outros tantos lugares do mundo, como Austrália, Estados Unidos, Indía e etc, mas não é sendo radical e intransigente ao expressar opiniões que uma solução será atingida, tenho minhas convicções pessoais a respeito do problema, mas não deixo de prestar atenção e ouvir opiniões divergentes. Com guerras e agressões verbais assim como atitudes provocativas por parte de quem quer resolver o problema com as próprias mãos (PROPESCA) vs Manifestações de repudio acaloradas por parte de representantes de ONGs e simpatizantes não levam a um entendimento necessário para se atingir o objetivo que todos querem: menos incidentes envolvendo homens vs tubarões, sem que haja a necessidade de massacres e ações malucas e sem respaldo científico.
Educação e diálogo são os caminhos mais adequados para que uma solução, ou na verdade um conjunto de atitudes e medidas possam ajudar a minimizar o problema, alguns fatos não vão mudar: o homem está intervindo cada vez mais no ambiente marinho causando desequilíbrio e devastação, e ao mesmo tempo não podemos ser hipócritas a ponto de simplesmente não tomar consciência que parte de nossa sobrevivência depende do Mar, (alimentação, transporte, lazer) citando apenas o que está por cima de nossa relação com os oceanos).
Antes de nossas convicções somos todos humanos e partes do planeta, e todos sem exceção dependem da natureza, e sendo assim, temos a obrigação de tratá-la com respeito e atenção para que ela continue a nos prover do que tanto necessitamos para viver, seja o alimento ou sejam as horas de lazer, mas acima de tudo precisamos compreender que existem alguns lugares no globo que não nos pertencem e que quando nos atrevemos a compartilhar esse espaço com os seres que os habitam, corremos o risco e muitas vezes pagamos o preço pela intervenção em um ambiente ao qual não estamos adaptados para sobreviver.
Kadu Pinheiro (Editor DIVEMAG.org)
A Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios (SBEEL) declarou, por meio de nota , uma carta de repúdio à atuação do grupo PROPESCA/P5, que vem realizando uma ação de pesca a tubarões visando a dimunição da população na costa recifense e, consequentemente, dimunir o número de ataques a banhistas e surfistas no Estado.
A entidade, que reúne cientistas de todo Brasil, dedica-se ao estudo dos elasmobrânquios – grupo que inclue raias, quimeras e tubarões.
Leia na íntegra a nota da SBEEL:
NOTA DE REPÚDIO
A Sociedade Brasileira para o Estudo de Elasmobrânquios (SBEEL) vem repudiar as atitudes tomadas pelo Projeto PROPESCA/P5 em relação à “ação preventiva à ataques de tubarões”, assim chamada pelo grupo.
Como divulgado pela mídia, o movimento tenta exercer a redução contínua das duas espécies envolvidas na problemática de ataques de tubarões a surfistas e banhistas em Pernambuco, a saber, os tubarões tigre e cabeça-chata. O grupo reivindica a retomada do surfe e dos esportes náuticos na área onde há proibição da pratica de tais esportes devido aos incidentes com tubarões. A equipe do PROPESCA/P5 já realizou ao menos duas expedições de caça indiscriminada a esses tubarões. Levando em consideração os objetivos alegados pelo grupo podem-se observar inconsistências técnicas e deficiências no conhecimento do contexto biológico-ecológico, além da promoção da desordem pública.
É notório que a visão limitada desse grupo, autodenominado “pesquisadores” é danosa para a relação homem-natureza. Todos os problemas, inclusive os ataques de tubarões, estão ligados aos fatores antrópicos que não são levados em conta, preferindo-se a forma simplista de pregar a extinção dos tubarões para que se possa usufruir de um pequeno trecho da costa pernambucana.
É lamentável como é tratado a problemática dos ataques por este grupo sem as devidas precauções e conhecimento de causa. A SBEEL não é contra manifestos populares, mas sim contra a banalização e o desrespeito na forma de protesto. Por isso, se coloca à disposição da Sociedade Pernambucana para esclarecer aspectos relevantes à questão dos ataques. Entre outros, menciona-se que as espécies expostas e ridicularizadas no manifesto do PROPESCA/P5, sequer estão relacionadas nas estatísticas dos incidentes, como é o caso do tubarão-flamengo, Carcharhinus acronotus, espécie de médio porte (entre 100 e 150 cm).
Por outro lado, ainda baseados nas informações da mídia, a ausência nas capturas realizadas pelo PROPESCA/P5, das duas espécies de tubarões geralmente envolvidas nos ataques, mostra a inconsistência da hipótese de que as praias urbanas do Grande Recife estejam infestadas de tubarões, já que a captura dos 12 exemplares previstos e alardeados na imprensa, como objetivo das operações de caça, não se realizou.
Enquanto este grupo instiga a sociedade civil de Pernambuco ao ódio e a matança indiscriminada da fauna marinha local, um milhão de toneladas de tubarões são pescadas por ano em todo o mundo. A SBEEL, por sua vez, tendo como uma das suas atribuições contribuir para a sustentabilidade dos tubarões, preocupa-se com a manutenção da diversidade das espécies de elasmobrânquios desde a sua fundação, a partir da década de 90. Ressalta-se nesta nota a importância ecológica que os elasmobrânquios exercem no meio marinho, sobretudo no equilíbrio populacional dos mares e oceanos.
Apesar do esforço exercido pela SBEEL, lamenta-se registrar que grande número de espécies de tubarões e raias da fauna brasileira encontra-se inseridos nas listas mundiais de espécies ameaçadas de extinção, sendo, portanto, inaceitável a promoção da matança indiscriminada proposta pelo PROPESCA/P5.
Por fim, se esclarece que a SBEEL congrega pesquisadores renomados de todo o país e mais uma vez se coloca à disposição para qualquer esclarecimento que se faça necessário ao auxilio nas tomadas de decisões sobre essa importante questão.
Atenciosamente,
Dr. Francisco Marcante Santana
Presidente da SBEEL
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