Uma equipe que inclui representantes da UFSC, UFRJ, UERJ e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) vai a campo quinta e sexta-feira (16 e 17/02) para documentar a extensão e as características de colônias de coral-sol em área próxima à Reserva Marinha Biológica do Arvoredo, litoral de Santa Catarina. A espécie exótica e invasora foi encontrada no início de janeiro, durante uma operação organizada pela Bertuol Escola de Mergulho, localizada em Bombinhas. É a primeira vez que o coral-sol Tubastraea coccinea é observado em costão rochoso no Sul do Brasil. Em plataformas de petróleo já havia sido documentado. “Foi durante uma operação de mergulho recreativo, na Ilha do Arvoredo, em uma profundidade de quatro metros”, conta a bióloga Cecília Pascelli, que se formou no Curso de Biologia da UFSC e agora faz seu mestrado na UFRJ, com estudos de campo na Reserva Marinha Biológica do Arvoredo. Ainda que o foco de suas pesquisas agora sejam as esponjas marinhas, Cecília já conhecia a beleza e a ameaça do coral invasor, que chamou sua atenção. Em uma saída de campo seguinte uma amostra foi removida e a identificação confirmada na UFSC, pela equipe do projeto Biodiversidade Marinha de Santa Catarina.
O grupo fez contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e também com o Projeto Coral-Sol, criado em 2005 pela UERJ e pelo Instituto de Biodiversidade Marinha com a proposta de controlar o coral exótico invasor atuando em pesquisas, monitoramentos e remoção no litoral brasileiro. A volta ao local de ocorrência em Santa Catarina esta semana tem como objetivo investigar a distribuição e as características das colônias, como estão instaladas, entre outras características. De acordo com o professor Alberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, o mapeamento ajudará a equipe a definir que ação pode ser adotada com a espécie que já invadiu diversas áreas do litoral do Rio de Janeiro e São Paulo. “O tamanho da colônia que recebemos para identificação nos indica que ela tem mais de um ano, portanto sobrevive no litoral de Santa Catarina tanto no inverno como no verão”, explica Lindner. A equipe vai também aproveitar a ocorrência para divulgar informações sobre o coral-sol no Estado, especialmente entre operadoras de mergulho, para que a possibilidade de avistar o invasor seja multiplicada. “O mergulho recreativo é uma atividade, em minha opinião, de baixo impacto, e que pode ajudar no monitoramento dos ambientes. A grande ressalva é que no caso de encontrar o coral, as pessoas não devem coletar, pois partes fragmentadas podem levar à reprodução em outros locais. As pessoas devem somente comunicar o Projeto Coral-Sol”, alerta Lindner. “A expedição dessa semana vai nos mostrar se é viável fazer a remoção, pois há pesquisas que indicam situações em que a localização de uma espécie considerada exótica e invasora já não permite mais o seu controle, do ponto de vista de custo de remoção”, explica o professor que trabalha com a professora Bárbara Segal Ramos, também do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, para iniciar um projeto de monitoramento do coral-sol em Santa Catarina. Originário da região do oceano Indo-Pacífico, o coral-sol foi observado na década de 1950 no Caribe. Em 1990 chegou a plataformas de petróleo na Bacia de Campos, na costa norte do Rio de Janeiro, e depois a costões rochosos do Rio. Atualmente cobre grandes extensões de costão na Ilha Grande (RJ) e da Ilhabela (SP). A espécie é considerada exótica e invasora, pois onde se fixa domina o ambiente. Sua presença pode interferir na dinâmica do bentos, que incluem esponjas e algas, entre outros organismos que vivem no substrato marinho. Em casos extremos pode também interferir na macrofauna e gerar impactos na cadeia alimentar de alguns peixes.
Mais informações: Professor Alberto Lindner / Fone: (48) 3721-4744) Bióloga Cecília Pascelli
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
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