A Universidade norte-americana de Stanford, no estado da Califórnia, está planejando usar um robô humanoide para explorar regiões mais profundas do mar. Originalmente, o robô chamado “OceanOne” foi idealizado pela KAUST — Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia da Arábia Saudita, — para monitorar recifes de corais no Mar Vermelho. O Dr. Christian Voolstra, um dos líderes do projeto, explicou que ele e seu time decidiram criar o OceanOne porque os ROVs (Veículos Remotamente Operados) não atendem todas as exigências necessárias para a tarefa de pesquisador:
Amplamente utilizados, os ROVs são submersíveis operados por controle remoto e possuem um tamanho de aproximado ao de uma geladeira, isto quando não são maiores que um carro. Os braços mecânicos utilizados nos ROVs também não ajudam, isto porque não são braços, mas sim pinças extremamente fortes e sem nenhum tipo de sensibilidade. Com todas as dificuldades em utilizar máquinas tão antiquadas para uma tarefa tão meticulosa, Voolstra e sua equipe tiveram a ideia de contactar engenheiros da área de robótica na Universidade de Stanford e dizer: “Sabemos que vocês conseguem construir robôs, então será que podem construir um robô subaquático para nós?”
A grande diferença que separa o OceanOne dos submersíveis tradicionais está tanto dentro quanto fora de sua estrutura. Ele é muito menor que um ROV — tem o tamanho aproximado ao de um ser humano — característica essa que lhe garante muito mais agilidade e estabilidade para lidar com as diferenças nas correntes marítimas em situações menos ideais. O Dr. Christian Voolstra ainda explicou ao IEEE Spectrum que grande parte da energia que um ROV gasta é utilizada apenas para mantê-lo estável em seu lugar.
O OceanOne é muito mais leve e aerodinâmico, além ter suas partes eletrônicas envoltas em óleo (e não em ar como nos outros aparelhos), isso cria uma pressão interna que acaba deixando-o mais resistente e resiliente à grandes profundidades.
Outra coisa que é um passo a frente no robô humanoide são seus braços: os braços elásticos usados nele são fruto dos últimos projetos desenvolvidos pela Meka Robotics, adquirida pelo Google em 2015. Esses braços possuem resposta táctil e são muito mais precisos ao agarrar e manipular objetos. Um ROV, pelo contrário, pode muito bem destroçar uma peça importante a ser analisada, isso sem que o seu controlador requisite essa força toda.
Veja o vídeo:
A primeira missão oficial do OceanOne foi visitar o La Luna, o principal navio das embarcações do rei francês Luís XIV. Em 1664 o navio afundou a cerca de 32 quilômetros de distância da costa francesa, e hoje se encontra no mesmo lugar a 100 metros de profundidade. Cem metros esses que podem não parecer muito para alguns, porém, especialistas em mergulho explicam que é praticamente impossível encontrar um mergulhador humano, sem incríveis habilidades e anos de treinamento, que consiga realizar esta façanha sem morrer no meio do caminho. Por outro lado, o OceanOne parece ter feito isso muito bem segundo os comunicados oficiais da missão.
Embora ainda se trate de um único protótipo, o Dr. Christian Voolstra afirma que ele e sua equipe pretendem testar exaustivamente a máquina para verificar suas capacidades de lidar com condições não ideais e com ambientes mais profundos que o leito do navio La Luna, também. Caso se mostre promissor ao equilibrar grande resiliência à pressão e capacidade de manusear delicadamente objetos mais frágeis, o OceanOne irá explorar recifes de corais mais profundos, ele explica.
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