Estudo realizado pela Universidade da Columbia Britânica, do Canadá, apontou que apenas 9% das milhões de toneladas de peixes capturadas por navios chineses distribuídos por todo mundo são oficialmente notificadas à Organização das Nações Unidas.
Segundo os autores, especialistas em pesca consideram baixas há algum tempo as capturas comunicadas pela China à Agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO).
No entanto, ao utilizar um novo método para estimar o tamanho e valor dos pescados, a escala do “possível engano” chocou os autores.
Os cientistas estimam que a frota chinesa de 3.400 embarcações captura todos os anos o total de 4,1 milhões de toneladas de peixes em águas costeiras de 93 países, o que totaliza um valor de US$ 11,5 bilhões. Porém, o governo chinês informou à FAO que entre 2000 e 2011 seus navios pescaram uma média anual de 368 mil toneladas.
Para obter este número, a equipe de pesquisadores monitorou notícias publicadas na internet, artigos de consultoria, além de ouvir especialistas de pesca. A partir disto, foi possível verificar, por exemplo, que 75% de todos os peixes capturados pela frota da China são provenientes da África – cerca de 3 milhões de toneladas ao ano apenas da costa de países da África Ocidental.
A FAO afirma que a região africana é a que contém algumas das principais reservas de pescados do mundo e quase todas já sofrem o impacto da sobrepesca.
Segundo Dirk Zeller, um dos autores do projeto, apesar da China não relatar as capturas, não significa necessariamente que a pesca é ilegal. Para Daniel Pauly, também pesquisador da universidade, saber detalhes sobre quantos peixes são retirados do mar é importante para descobrir o que poderá ser capturado no futuro, a fim de sustentar a população mundial.
Sobrepesca: ameaça global
Relatório divulgado pela FAO em 2012 afirma que a comunidade internacional tem que fazer mais para garantir a pesca sustentável no mundo e alertou que quase 30% das populações de peixes correm risco de desaparecer devido à pesca excessiva.
No documento, a entidade apontou que muitas das populações marinhas, mesmo aquelas já monitoradas pela FAO, continuam sofrendo uma grande pressão. “A superexploração não afeta somente de forma negativa o meio ambiente, mas também reduz a produção pesqueira, com efeitos negativos sociais e econômicos”.
De acordo com estatísticas apresentadas pelo órgão, cerca de 57% dos peixes estão totalmente explorados (ou seja, o limite sustentável já está próximo de ser atingido) e apenas 13% não estão totalmente explorados. “É necessário fortalecer a governança e ordenar de forma eficaz a pesca”, disse.
Proteção dos oceanos foi tema da Rio+20
A proteção à biodiversidade marinha foi um dos principais temas debatidos pelos 188 países reunidos durante a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 13 e 22 de junho.
Um dos resultados definidos no documento “O futuro que queremos”, fruto das negociações diplomáticas, é a adoção de um novo instrumento internacional sob a Convenção da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos), para uso sustentável da biodiversidade e conservação em alto mar.
O documento prevê ainda, entre outras medidas, a criação de um fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável dentro da ONU, além de reafirmar um dos Princípios do Rio, criado em 1992, sobre as “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Este princípio significa que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos.
Outra medida aprovada é o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma) e o estabelecimento da erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta. Para isso, o documento recomenda que “o Sistema da ONU, em cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.
Esse sistema atuaria para facilitar o encontro entre países interessados e potenciais parceiros, ceder ferramentas para a aplicação de políticas de desenvolvimento sustentável, fornecer bons exemplos de políticas nessas áreas e informar sobre metodologias para avaliar essas políticas.
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