RIO — A Estação Ecológica (Esec) Tamoios, unidade de conservação federal constituída por 29 ilhas da Baía da Ilha Grande, foi repovoada com 40 mil vieiras jovens, um tipo de molusco que quase não se encontra mais na região. Foi a primeira ação de um projeto do Instituto Chico Mendes (ICMBio), em parceria com o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande, que vem sendo desenvolvido pela equipe de recuperação da biodiversidade da vida marinha protegida. A espécie foi depositada em três pontos da estação ecológica e, o segundo passo, será o monitoramento do índice de sobrevivência e crescimento dos moluscos.
O repovoamento aconteceu há uma semana, sob o comando de dez especialistas. As vieiras são nativas da região, mas quase desapareceram devido à forte exploração nos últimos anos pelo alto valor comercial e nutritivo. A demanda crescente acabou transformando o molusco numa iguaria muito apreciada e tida como um prato refinado.
De acordo com o analista ambiental do ICMBio e responsável pelo projeto, Eduardo Godoy, o objetivo é devolver as vieiras à natureza e fortalecer o banco genético da espécie:
— Os maricultores só se preocupam com a engorda da espécie para a venda. Estamos, então, usando sementes de laboratório para reintroduzir os moluscos em locais onde sabemos que não serão capturados por se tratar de uma estação ecológica, que não permite a pesca.
Segundo Régis Pinto de Lima, chefe da Estação Ecológica Tamoios, os filhotes de vieiras foram lançados numa profundidade entre sete e 14 metros, em quatro horas de trabalho. Ele conta que o monitoramento dos moluscos será mensal, e um nova soltura de sementes está programada para setembro.
— O plano de manejo da estação ecológica, realizado em 2006, já mostrava que a parte marinha das 29 ilhas precisava ser recuperada. Em um mês, vamos mergulhar nos locais onde soltamos as vieiras para fazer uma contagem dos moluscos e verificar se estão crescendo. E, como elas se locomovem, acreditamos que a tendência é que surjam em outras regiões da estação ecológica — acrescentou.
Ele alerta que, além da coleta manual para exploração econômica, a população de vieiras foi reduzida ainda por causa da pesca de camarão:
— A pesca de arrasto acabou com a espécie. As vieiras são o principal produto da maricultura da Baía da Ilha Grande e, por isso, há pelo menos duas décadas que o instituto de ecodesenvolvimento fornece sementes para os maricultores. A ideia é que eles façam a própria produção sem degradar o ambiente natural.
‘OPERAÇÃO ECLIPSE’ NA BAÍA
Em abril, os especialistas deram o primeiro passo para a recuperação da biodiversidade da Baía da Ilha Grande. O Projeto Coral-Sol, do Instituto Biodiversidade Marinha, em parceria com a Estação Ecológica de Tamoios, promoveu uma grande operação de controle do coral-sol, espécie não nativa, invasora e nociva à biodiversidade marinha brasileira. Batizado de “Operação Eclipse”, o objetivo foi “apagar” o coral da região e chamar a atenção para os danos causados pela bioinvasão da espécie. Além da operação, foi realizada em Angra dos Reis a primeira oficina de manejo do coral-sol nas unidades de conservação marinhas do país. Aconteceram debates e oficinas mostrando que no Brasil pelo menos nove unidades de conservação marinhas já foram invadidas pelo coral-sol.
Fonte: O Globo
More
Menino de 5 Anos Quebra Acidentalmente Jarro de 3.500 Anos em Museu de Israel
Aríete de Bronze Utilizado por Romanos em Batalha Naval é Descoberto na Itália
Aumento de CO2 em 50% nos Últimos 250 Anos Agrava Aquecimento Global