Aumenta a procura por barbatanas de tubarão em Cabo Verde

A União Europeia argumenta que o “Shark Finning” ameaça a sobrevivência de algumas espécies de tubarões e decidiu proibir o transbordo e a reexportação do tubarão sem barbatanas. Na falta deste produto, os europeus viraram-se para Cabo Verde para conseguirem esta iguaria considerada ilegal.

José Melo, da Biosfera I, considera que a pesca praticada em Cabo Verde mira sobretudo o tubarão. “Existem vários barcos que têm praticado o “Shark Finning” com a finalidade de comercializar as barbatanas no mercado europeu”, pontua, realçando que a “a proibição do transbordo e a reexportação do tubarão com as barbatanas em sacos seria a única prova de que não se faz “Shark Finning” em águas nacionais.”

Para este ambientalista, a continuar, esta prática pode colocar em perigo a cadeia alimentar do país. “O tubarão é o grande predador dos oceanos e quando está a caçar obriga, por exemplo, a que os pelágicos formem cardumes para se defenderem. E quando há esse cardume os nossos pescadores conseguem pescar peixes, a cavala e o olho largo, por exemplo, que são a base da alimentação do povo cabo-verdiano”, esclarece.

“Se não tivermos o predador que é o tubarão nas nossas águas, automaticamente deixará de haver cardumes e isso vai mexer completamente com todo o ecossistema e com a base da alimentação da população cabo-verdiana”, conclui Melo.

O secretário de Estado de Recursos Marinhos explica que o Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas está a trabalhar na elaboração de um plano de preservação das espécies marinhas em Cabo Verde para que o sector das pescas tenha em consideração a sustentabilidade.

Quanto ao “Shark Finning”, Adalberto Vieira garante que a prática também é proibida em Cabo Verde e que o Governo “tudo tem feito para combater qualquer ilegalidade no que se refere ao exercício da actividade da pesca.”