Bonito, em Mato Grosso do Sul, é um daqueles lugares que o turista vai em busca de um paraíso. Mas as águas cristalinas que atraem tanta gente estão ficando cheias de lama.
Ambientalistas dizem que o problema é causado por plantações, construções irregulares e estradas feitas em áreas de preservação. E alertam: se nada for feito agora, o paraíso pode estar ameaçado.

No fim de março, moradores, pesquisadores e profissionais de turismo fizeram um protesto para denunciar as condições dos rios da região.
O empresário Gustavo Rabelo, dono de uma agência de turismo e morador de Bonito há mais de 10 anos, diz que em um intervalo de cinco dias, mais ou menos duas mil pessoas deixaram de fazer os passeios da região, por conta da situação dos rios. Em alguns passeios os turistas são avisados da situação.
O secretário de turismo de Bonito, Augusto Mariano, diz que de alguns anos para cá tem se verificado que as águas dos rios da região têm turvado mais rapidamente após as chuvas e que têm demorado um pouco mais para que os cursos de água fiquem totalmente limpos.
Vem gente do mundo inteiro para apreciar os rios de águas cristalinas em Bonito e região. Os turistas buscam se sentir em um aquário natural.
Mas o que era lindo, muda quando as águas se afastam das nascentes. Os peixes parecem perdidos diante da terra invadindo o rio da Prata.
Visto do alto, o Prata serpenteia azul no meio da mata, mas no trajeto a cor da água vai mudando. Verde claro, verde mais escuro e barrenta.

Mas o que estaria causando isso? Pesquisadores explicam que parte do problema da turbidez do rio da Prata começa em drenos que foram escavados pelos agricultores, porque toda a área era um banhado, um brejão. Com esse drenos, eles acabaram secando a área para fazer o plantio.
São mais de 40 quilômetros de drenos, atravessam toda a região. E segundo os biólogos, botânicos e engenheiros que fizeram uma perícia no local, essa água ajuda a levar lama para dentro do rio.
Mais de dois mil hectares de brejos do rio da Prata já desapareceram. Viraram plantações de soja e de outros grãos.
O biólogo José Sabino explica a importância dos banhados ou brejões, como também são conhecidos.
“Eles filtram sedimento, eles filtram eventualmente agrotóxicos, eles filtram uma série de pequenas partículas que poderia turvar os rios. Mais do que isso, eles ajudam também no sistema hidrológico ajudando a regular a vazão dos rios”.
Apenas um agricultor tem 46 quilômetros de drenos em sua propriedade. Segundo o Ministério Público, mais da metade sem licença ambiental. Ele foi multado em mais de R$ 10 milhões porque a área é considerada de proteção permanente (APP).

Em março, a nascente do rio Formoso expeliu lama do fundo da rocha. Segundo a bióloga, Lívia Cordeiro, especialista em vida nas cavernas, essa terra que brota da nascente pode ter sido trazida pelas chuvas de áreas onde o solo está sendo muito remexido.
“Hoje um dos grandes problemas da questão da qualidade da água é exatamente a não utilização de técnicas de conversão de solo adequadas. Então o governo do estado através da politica pública resolveu, obrigando a todo e qualquer produtor da bacia do rio da Prata e do rio Formoso, a apresentar um projeto de conservação de uso do solo e proteção da água”, explica o secretário estadual de Meio Ambiente.

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