Tentativa de frear ataques de tubarões em Recife

Foto: Wagner Ramos / Folha de Pernambuco
Foto: Wagner Ramos / Folha de Pernambuco

Segundo informações, cerca de R$ 30 milhões serão investidos nos próximos quatro anos na recomposição biológica do litoral da Região Metropolitana do Recife (RMR). O projeto milionário transformará o trecho entre Igarassu e Ipojuca, que corta as cidades da RMR, em uma enorme Área de Preservação Ambiental (APA), segundo informou, nesta segunda-feira (16), o secretário de Meio Ambiente Sérgio Xavier.

A proposta de recuperar o litoral já foi ventilada como uma das possíveis soluções aos incidentes com tubarões – como registrou a Folha de Pernambuco no caderno especial “Tubarão: por que eles atacam em Pernambuco”, publicado no final de novembro – dando assim, segurança aos banhistas do litoral da RMR. A APA pretende zonear o mar, criando unidades de conservação para a flora e a fauna marinhas. A ideia é formar cadeias alimentares e de refúgio para os tubarões, em trechos de mar mais afastados da orla. Uma reunião, em fevereiro do próximo ano, definirá os detalhes do projeto que começará ainda no primeiro semestre de 2014.

“Nosso litoral sempre foi agredido e degradado. Essa é a primeira iniciativa do Estado para reverter isso. Não tem a ver só com tubarão, mas também com a elevação do mar, com o meio ambiente”, disse o secretário. Segundo Xavier, os recursos para a criação da APA já estão garantidos com fundos da compensação ambiental de empresas do Complexo Industrial Portuário de Suape e da refinaria.

O modelo de recomposição do mar tem alicerce em estudos acadêmicos que indicam benefícios na distribuição de arrecifes artificiais em pontos estratégicos e a criação de unidades de conservação total. Outro ponto importante é a ampliação do Parque de Naufrágios do Estado, que hoje abriga quase 20 afundamentos, e que será reestruturado para servir de vitrine turística. “Queremos, também, reverter a nossa imagem internacional que anda muito vinculada aos ataques de tubarão”, justificou Xavier.

Para tanto, o governo está a procura de aviões fora de operação que serão afundados no mar. Antes mesmo de ser lançada oficialmente, a APA da Frente Metropolitana já vem gerando polêmica entre integrantes do Comitê de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e os maiores especialistas em tubarões no Estado. Para o pesquisador e professor Fábio Hazin a criação de arrecifes artificiais é uma forma de ampliar os bancos de alimento no mar, mas não é solução para os incidentes, uma vez que as espécies não atacariam por fome.

Na mesma linha, a presidente do Cemit, Rosangela Lessa, não vê ainda relação causa e efeito, entre desequilíbrio ecológico, falta de comida e os ataques. “Se isso vai ou não diminuir os ataques terá que ser provado. E isso só o tempo dirá”, especulou sobre a comprovada eficácia da criação da APA e dos arrecifes artificiais como fómula milagrosa para evitar os ataques.

Fonte: Folha PE

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