Mutilação da árvore da vida através da extinção em massa de gêneros de animais

Desde o início da vida na Terra, o planeta passou por diversas extinções em massa, eventos que eliminaram rapidamente ramos inteiros da árvore filogenética da vida. No entanto, para que a evolução gerasse substitutos funcionais para as espécies extintas, eram necessários milhões de anos. Agora, uma nova pesquisa está alertando para uma sexta extinção em massa que está acontecendo a uma velocidade alarmante e tem raízes profundas nas atividades humanas.

O estudo, que analisou 5.400 gêneros de vertebrados, excluindo peixes, que abrangem um total de 34.600 espécies, revela que desde o ano 1500 d.C., 73 gêneros de vertebrados se tornaram extintos. Os resultados são inequívocos: a sexta extinção em massa, impulsionada pelas atividades humanas, é muito mais severa do que se pensava anteriormente e está se acelerando rapidamente.

As taxas de extinção de gêneros atuais são 35 vezes maiores do que as taxas de fundo esperadas nos últimos milhões de anos na ausência do impacto humano. Isso significa que os gêneros perdidos nos últimos cinco séculos levariam cerca de 18.000 anos para desaparecer na ausência da interferência humana.

Infelizmente, os cientistas alertam que as taxas de extinção de gêneros devem acelerar significativamente nas próximas décadas devido a fatores como a destruição de habitats, o comércio ilegal de espécies e as perturbações climáticas, todos associados ao crescimento e consumo da sociedade humana.

Se todos os gêneros atualmente em perigo de extinção desaparecessem até o ano 2100, as taxas de extinção seriam 354 vezes maiores que as taxas de fundo esperadas, em média, ou 511 vezes maiores no caso dos mamíferos. Isso significa que gêneros que levariam 106.000 a 153.000 anos para se extinguirem na ausência de intervenção humana podem desaparecer em três séculos.

A mutilação da árvore da vida e a consequente perda dos serviços ecossistêmicos fornecidos pela biodiversidade representam uma ameaça séria à estabilidade da civilização. É imperativo que esforços políticos, econômicos e sociais de escala sem precedentes sejam empreendidos imediatamente para prevenir essas extinções e seus impactos na sociedade.

A pesquisa destaca a urgência de medidas para proteger a diversidade biológica e preservar as espécies que compartilham o planeta conosco. Somente através de uma ação global coordenada, podemos esperar reverter o curso devastador da sexta extinção em massa e garantir um futuro sustentável para a humanidade e para todas as formas de vida que compartilham nosso lar precioso, o planeta Terra.

(Ilustração: Marco Antonio Pineda)

FONTE: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2306987120

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