Depois da captura de dois tubarões no litoral alagoano, no último fim de semana, criou-se uma certa polêmica entre os internautas sobre o risco de tomar banho nas praias do estado. No entanto, o biólogo e professor da disciplina de Engenharia de Pesca, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cláudio Sampaio, diz que a presença de tubarões é “absolutamente normal” e que a população não deve se preocupar.
O primeiro animal encontrado foi um tubarão-martelo, fisgado a 45 Km da costa deMaceió, no sábado (8). Dois pescadores conseguiram arrastar o tubarão, de cerca de 400 kg e quatro metros, até a praia. O feito atraiu dezenas de curiosos e turistas que circulavam pela orla de Pajuçara.
O outro foi um tubarão-tigre que se enroscou em uma rede de pesca na praia de Lagoa Azeda, no Litoral Sul, no domingo (9). O tubarão, também com quase 400 kg, também chamou a atenção e os banhistas aproveitaram para tirar fotografias ao lado do animal.
Após as duas capturas, internautas começaram a levantar a hipótese, nas redes sociais, de haver ataques de tubarões como ocorrem no Recife, em Pernambuco. Mas o professor explica que o que ocorre na região metropolitana recifense é pontual e específica, provocada possivelmente pela construção do Porto de Suape.
“Os banhistas podem ficar tranquilos e não precisam mudar os hábitos por conta de tubarões. O que as pessoas deveriam se preocupar é com o lixo jogado nas ruas e que acabam indo para o mar. No nosso litoral é mais fácil alguém ser atropelado na praia, porque há veículos circulando pela areia, do que ser mordido por um tubarão”, ironiza Sampaio.
O biólogo explica ainda que tubarões sempre estiveram no litoral alagoano e que outras espécies menores podem ser encontradas, mas não ganham repercussão porque ficam em áreas mais isoladas. “A rede social tem o poder de dar maior repercussão à captura desses animais. Fiquei impressionado como as fotos circularam rapidamente na rede”, diz.
As espécies encontradas no último fim de semana não estão na lista de extinção e por isso podem ser pescadas, ( no Brasil) mas o professor alerta que a pesca indiscriminada pode trazer grandes prejuízos ao ecossistema. “Um tubarão só chega a idade adulta após os 16 anos e a reprodução dele é lenta. Uma gestação pode durar nove meses. A cada espécie, principalmente do porte dessas que foram capturadas, tiramos da natureza belos exemplares reprodutores”, diz.
Cláudio Sampaio explica que os tubarões têm a função de fazer uma faxina no mar, eliminando peixes doentes e com deformidades. “Na Austrália, por exemplo, acabaram com uma espécie de tubarão e o polvo começou a se proliferar, eliminando as lagostas. Causou um desequilíbrio total”, diz.
Outros visitantes
Quem deu as caras na badalada praia da Ponta Verde, também na última semana, foi uma família de peixes-boi. A mãe e dois filhotes fizeram a festa dos banhistas e turistas que curtiam a praia na última terça-feira (10). O biólogo Bruno Stefanis, do Instituto Biota, diz que a presença dos mamíferos na costa é comum, já que eles estão acostumados com os humanos. “Eles são criados em cativeiro e adoram receber carinho e um petisco, por isso eles sempre vão para a costa”, afirma o biólogo.
Ele diz ainda que no verão eles são vistos com mais frequência porque tem mais pessoas na praia. “Muita gente fica preocupada achando que eles estão encalhados, mas é difícil eles encalharem porque os peixes-boi conseguem rolar até ir para a parte mais funda”, explica.
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