Poluição Invisível Ameaça Vida Marinha nas Ilhas Cagarras

A apenas cinco quilômetros da Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, um problema global se revela no horizonte. Nas Ilhas Cagarras, um refúgio de biodiversidade e espécies ameaçadas de extinção reconhecido como “Ponto de Esperança” pela organização internacional Mission Blue desde 2021, foram encontrados plástico e microplástico. A descoberta, inédita, foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) em parceria com o Instituto Mar Urbano, durante uma expedição pela região costeira, que incluiu desde a Baía de Guanabara até as praias oceânicas.

Paraíso invadido. Nas Ilhas Cagarras, que são uma unidade de preservação, participantes da pesquisa recolheram mais de 34 quilos de resíduos sólidos, com muito plástico em meio ao material — Foto: Custódio Coimbra

A origem dos resíduos plásticos é variada e difícil de rastrear, segundo os cientistas, que estão agora empenhados em mapear o trajeto desses poluentes. O estudo começou em 2019, com a coleta das primeiras amostras nas praias do Rio de Janeiro. Os resultados mostraram concentrações significativas de microplástico nas águas do Flamengo, Glória, Urca, Praia Vermelha, Leme, Copacabana e São Conrado, além das ilhas de Cotunduba e Tijucas. As Ilhas Cagarras foram inicialmente incluídas no estudo como uma referência de área limpa, mas os pesquisadores se surpreenderam ao encontrar uma quantidade preocupante de microplásticos no local.

Esta situação revela a complexidade e a gravidade da poluição plástica, que afeta até mesmo áreas consideradas protegidas e distantes da costa. O desafio agora é entender melhor as fontes e o impacto desses poluentes para desenvolver estratégias eficazes de mitigação e conservação ambiental.

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