Um filhote de peixe-boi de aproximadamente um mês de vida foi resgatado de um ponto de abate, nesta quinta-feira (27), situado no município de Anamã, distante 165 km de Manaus. Segundo pesquisadores do Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), a mãe do animal havia sido morta por pescadores, que utilizam a carne do mamífero de forma ilegal para a venda no mercado de alimentos. Pesando 17,5 kg e com 101 cm de comprimento, o filhote chegou à sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), na capital, no início desta tarde.
De acordo com o pesquisador e colaborador da Ampa, Diogo de Souza, o animal foi resgatado por um morador do município de Manacapuru, que estava de passagem por Anamã. “Ele [morador] já participou de um projeto em parceria com o Ampa, e estava em um lugar e coincidentemente viu pessoas chegando com o filhote de peixe-boi, comentando que haviam matado a mãe para aproveitar a carne”, relatou.
Segundo ele, o filhote também seria abatido no local para o mesmo fim. “O morador se impôs e conseguiu levar o filhote para um sítio em Manacapuru, onde também há tanques para cuidar temporariamente dos animais resgatados”, acrescentou Souza. “Tem pessoas que matam para vender a carne, dita como ‘exótica’ em alguns locais do Amazonas, ou vendem os animais clandestinamente só para serem criados em viveiros, ‘laguinhos’ de casas ou sítios”, afirmou.
O pesquisador informou ainda que o animal passou um dia no local, de onde o morador contatou a equipe responsável pelo resgate. Fiscais do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram o transporte do animal, nesta quinta, para a sede do Inpa, em Manaus.
Segundo Anselmo D’Affonseca, veterinário do Inpa, o animal está aparentemente saudável. “Ele está muito bem, comparado com outros peixes-bois que chegaram no Instituto. Não apresenta ferimentos nas nadadeiras e em outras partes do corpo. Agora ele está tranquilo, mas pode ser que desenvolva um estresse posteriormente, devido o cansaço e a mudança de habitat”, contou.
Na sede do instituto, o animal recebeu os primeiros cuidados e foi adequadamente alimentado em um tanque de água morna, pelos pesquisadores. Após reconhecer o ambiente, o peixe-boi foi colocado junto a outro filhote, resgatado com ferimentos no município de Caapiranga, a 134 km de Manaus, na tarde de terça-feira (26). “Agora nós vamos cuidar dos ferimentos e observar o desenvolvimento de cada um. Vamos analisar o comportamento, oferecer a alimentação adequada para que eles se recuperem e possam retornar a natureza”, concluiu D’Affonseca.
Fonte: G1
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