Além de não prevenir câncer, suplemento ainda teria veneno associado a males incuráveis
RIO – Além de não fazer bem algum, a cartilagem de tubarão poderia aumentar o risco de mal de Alzheimer e doenças neurodegenerativas. Durante anos e sem nenhuma prova, a cartilagem de tubarão foi vendida como remédio anticancer. A crença era baseada no fato de tubarões supostamente não contraírem câncer. Hoje se sabe que tubarões podem ter câncer e que a dita cartilagem não traz comprovadamente benefício algum para a saúde. Agora, pesquisadores descobrem que ela tem um veneno (neurotoxina) assoaciado a doenças neurológicas incuráveis.
Cientistas da Universidade de Miami analisaram amostras de cartilagem de sete espécies de tubarões da costa da Flórida. Todas as espécies continham altos níveis de um composto chamado beta-metilamino-L-alanina, ou BMAA, que está relacionado com o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. Tubarões acumulam o composto por causa de seu lugar no topo da cadeia alimentar do mar, consumindo peixe e outras criaturas marinhas que se alimentam de algas contendo BMAA. As pequenas amostras de tecido foram obtidas de tubarões que foram capturados, marcados e soltos para a pesquisa de rastreamento. Nenhum tubarão sofreu qualquer tipo de dano para o estudo.
As descobertas são importantes por causa da crescente popularidade de suplementos que contêm cartilagem de barbatanas de tubarões, a despeito da falta de provas científicas de que eles trazem quaisquer benefícios à saúde. Apesar de um número considerável de estudos ter desacreditado a cartilagem destes animais contra o câncer, fabricantes do suplemento têm feito afirmações ousadas. Em 2000, dois fabricantes foram processados e tiveram que pagar indenizações aos clientes.
Apesar de os cientistas de Miami não terem examinado os suplementos de cartilagem de tubarão diretamente, suas descobertas acrescentam mais causas de preocupação sobre a popularidade de suplementos de barbatana de tubarão. No estudo, publicado na revista “Marine Drugs”, os pesquisadores encontraram níveis de BMAA variando de 144 para 1.836 nanogramas por miligrama de cartilagem em sete espécies de tubarão. Acredita-se que a toxina seja produzida por bactérias em grandes florações de algas que são provocadas por resíduos agrícolas e esgotos.
Estudos anteriores sugeriram que o BMAA pode ser comum nos cérebros de pessoas com doenças degenerativas. Um em 2009, por exemplo, descobriu que amostras dos cérebros de pessoas que morreram de Alzheimer ou de esclerose lateral amiotrófica tinham níveis de BMAA de 256 ng/mg. Os cérebros de outras pessoas que morreram de outras causas tinham apenas pequenas quantidades ou nenhuma. Se a substância pode afetar as pessoas que comem carne de tubarão ou consomem suplementos feitos de sua cartilagem ainda é incerto, mas o público pode querer ser mais cuidadoso, diz Deborah Mash, autora do novo estudo e professora de neurologia e farmacologia da Universidade de Miami.
– Não queremos assustar as pessoas – ela disse. – Este é um primeiro resultado e ele precisa ser replicado.
Certo, porém, é que o crescente consumo de cartilagem está levando os tubarões à extinção. Por anos, milhões de peixes são mortos somente por causa da cartilagem, desequilibrando os ecossistemas marinhos.
Os tubarões também são conhecidos por acumular elevados níveis de poluentes químicos e de metais pesados como o mercúrio e cádmio. Pelo menos 26 milhões de tubarões são mortos a cada ano para sustentar a alta demanda de barbatanas utilizadas em suplementos e em sopa de barbatana de tubarão, uma iguaria servida em restaurantes de toda a Ásia. Ambientalistas dizem que a prática está contribuindo para quedas acentuadas nas populações de tubarões em todo o mundo.
Fonte: O globo
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