Pela primeira vez no país, geólogos realizaram o mapeamento em 3D do relevo terrestre do Arquipélago de Fernando de Noronha e captaram o assoalho marinho da região com a ajuda de laser, o que permitiu detalhar até 50 metros de profundidade da costa das ilhas.
O método, que empregou mais de 700 horas de voo, com a aeronave a 100 metros de altitude, mapeou 112 km² de área entre novembro de 2012 e o início deste ano. O mapa, divulgado esta semana, permite analisar o que está acima e abaixo da lâmina d’água.
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), responsável pelo estudo, o experimento poderá ser empregado em toda a costa do país, voltado para prospecção de minerais, análise para dragagem em portos, além da avaliação de processos erosivos no litoral, causados pelo aumento do nível do mar.
Mineração
Roberto Ventura, diretor de geologia e recursos minerais da CPRM, explica que um dos primeiros produtos desse levantamento será deter o conhecimento dos tipos de minerais que existem no fundo do mar e que podem ser aproveitados em diversos setores.
Segundo ele, recursos que podem ser utilizados pela construção civil ou elementos aproveitados pela indústria de cosméticos poderão ser reconhecidos graças ao mapeamento com laser. “Mas isso não quer dizer que haverá liberação para esse tipo de exploração em Fernando de Noronha”, ressalta Ventura.
A maior parte do conjunto de 21 ilhas, que fica a 543 km de distância do continente e pertence ao estado de Pernambuco, foi declarada Parque Nacional e recebe proteção ambiental do governo federal.
O levantamento com laser poderá ainda auxiliar na observação de regiões portuárias que necessitem receber obras de dragagem ou, também, na observação de processos erosivos no litoral brasileiro, já registrado em grande parte do país, causado pelo avanço do mar.
“Ainda estamos em discussão de expandir esse serviço para todo o Nordeste. Mas um dado interessante seria definir a estabilidade das linhas de praia, quais são os locais de maior erosão e se o processo é causado naturalmente ou consequência de ações humanas”, explica Ventura.
Um experimento deste tipo já é feito em Alagoas e deve ficar pronto em julho. Dependendo do resultado, o serviço poderá se expandir para o resto da região. “A proposta ainda será discutira com os ministérios”, disse.
O investimento para mapear Fernando de Noronha e o estado de Alagoas foi de R$ 6 milhões, verba liberada pelo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
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