Bahia ganhará parque de naufrágios

Até o final do ano, 3 embarcações devem ser afundadas a 5 minutos da costa soteropolitana

É oficial: Salvador, capital da Bahia, é a nova cidade brasileira a realizar um grande projeto de naufrágios artificiais. Duas ou três embarcações – um rebocador e possivelmente dois ferry boats de quase 70m de comprimento – serão afundadas na Baía de Todos-os-Santos nos próximos meses.

“Os naufrágios ficarão a apenas 5 minutos de navegação da costa, tornando Salvador a capital mundial nos naufrágios urbanos. Em nenhum lugar no mundo se tem tantos naufrágios mergulháveis na área urbana. Serão saídas mais dinâmicas e confortáveis, diferente de outros lugares onde é preciso navegar mais de duas horas para chegar ao ponto”, diz Rodrigo Melo, da Engesub, empresa contratada para executar o serviço pela Secretaria de Turismo do estado da Bahia (Setur).

Vega, rebocador que deve ser afundado a 27m de profundidade

Em reunião ontem, 29/8, foi assinado o contrato e definido o cronograma de ações para execução dos naufrágios controlados, que será realizado em no máximo seis meses. “Já encontramos as localizações mais propícias e começamos o licenciamento ambiental da área. A maior parte dos estudos para medir o impacto do projeto já foi feita. Assim que o relatório for apresentado, se não houver nenhum empecilho por parte do Inema (Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia), podemos até já conseguir afundar em novembro deste ano”, comemora Rodrigo.

Igor Carneiro, presidente da Associação de Mergulhadores da Bahia e proprietário da operadora Sharkdive, foi o idealizador do projeto, responsável pelos primeiros contatos com a Setur-BA e outros órgãos envolvidos. Ele acredita no interesse dos mergulhadores por novos pontos e, principalmente, naufrágios: “Somos ávidos por novidades. Viajamos por vários países em busca de novos cenários submarinos”.

Ferry boat Agenor Gordilho, que até o ano passado fazia a travessia para Itaparica, é um dos mais cotados para ser naufragado

Os naufrágios devem ficar a cerca de 30m de profundidade, em uma área mergulhável o ano todo, visibilidade muito boa durante o verão. “Atrairemos visitantes interessados no turismo de mergulho, escolas de mergulho e novos receptivos turísticos, do Brasil e do exterior”, diz o secretário estadual do Turismo, José Alves. “Também será uma ótima oportunidade para novos estudos sobre ecossistemas marinhos e formação de recifes artificiais”, completa Rodrigo.

Antes do afundamento em si, as embarcações serão cuidadosamente preparadas para não oferecer risco aos mergulhadores ou contaminação ambiental. Peças que possam causar ferimentos ou enrosco serão retiradas, bem como todo material potencialmente tóxico. Equipes da Marinha e de órgãos ambientais realizarão inspeções para garantir a conformidade do processo. Nos primeiros dias após os naufrágios, a Engesub promoverá novas vistorias, para atestar a segurança e liberar  o início dos mergulhos e passeios. Estima-se que em dois meses já haja formação de recifes.

Ferrys de transporte de passageiros Mont Serrat e Ipaçu, fora de operação há mais de 20 anos e hoje abandonados na Marina de Aratu, também são candidatos a se tornarem recife artificial

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